Nasceu na Missão do Dôndi, Kachiungo, província do Huambo a 9 de Janeiro de 1966. Emigrou para a Zâmbia no ano de 1976, devido a guerra em Angola, onde permaneceu até 1984. Foi nesse país que teve o primeiro contacto com a língua inglesa, iniciando ali a sua produção literária a nível do jornalismo. Nesta qualidade, trabalhou nas zonas sob o domínio da Unita entre os anos de 1984 e 1986, ano em que adquiriu uma bolsa de estudos na Grã-Bretanha onde se licenciou em Jornalismo. A partir dali dividiu a sua actividade entre o jornalismo nos Estados Unidos, Brasil, Portugal, Grã-Bretanha, colaborando em jornais como o The Spectator, The Indepentent e o Terra Angolana (órgão de informação da Unita) e a literatura. Depois de residir na Escócia, onde era conferencista em várias Universidades, deslocou-se para os Estados Unidos da América onde vive actualmente com a sua mulher e filhos, com viagens frequentes para África, sobretudo para Angola.
As obras de Sousa Jamba reflectem, no essencial, as suas vivências nas zonas controladas pela Unita, sob uma forte influência dos mitos e do mundo mágico das populações do centro e leste de Angola.
Sousa Jamba, contrariamente a quase totalidade dos escritores angolanos (lusófonos), é um escritor angolano anglófono. Por esta razão, as suas três obras, Patriots (1990), A Lonely Devil (1994), On the Banks of the Zambezi (1993), foram escritas em Língua Inglesa, sendo a primeira (Os patriotas) e a segunda (Confissão Tropical) traduzidas para o Português.
Confissão Tropical é um romance do absurdo, cuja acção decorre em Henrique, um país fictício localizado a Sul de São Tomé e a Oeste de Angola. O personagem é uma personalidade psicopata que, para melhor bajular e granjear simpatias do regime de Henrique, comete as mais hediondas atrocidades.
Possuidor de uma imaginação fértil Sousa Jamba é, actualmente, um dos mais prodigiosos articulistas do "Seminário Angolense", onde aborda temas de carácter social, cultural e político com o forte sentido de humor que lhe é característico.
Excerto do Romance "Os patriotas"
" Há que tempos que andamos a ouvir isto e mais aquilo. Estão a ver, Angola é rica, tão rica que há muita gente preparada para nos ver lutar para sempre", disse Hosi.
O Pinguim interrompeu-o, dizendo: "Se não fosse esta maldita guerra, já andávamos a competir com o Japão."
"Calem-se, vocês", berrou Jaime. "Este assunto é sério. Acabem com essas fantasias. Acho que os cubanos estão quase a ir-se embora. Já devem estar fartos de guerra."
"Não me parece que se vão embora tão cedo", disse Hosi. "Decidi ir lá para combater. Vou para Angola, lutar ao lado da UNITA. Não quero que os filhos da mãe dos cubanos mandem em Angola." E batia com força no peito. Os outros olhavam-no com admiração. Fez-se silêncio, que Lindo foi o primeiro a interromper.
"Temos de ter cuidado. Viemos para a Zâmbia em pequenos e não conhecemos Angola assim muito bem. A verdade é que me parece que somos zambianos, e não angolanos. Espera um ano, ou um pouco mais, Hosi. Aquela gente, mais tarde ou mais cedo, tem de achar uma solução. E nessa altura, regressamos todos."
O Zé, que tinha estado atento, interveio então: "Não concordo contigo, Lindo. Somos angolanos e continuaremos sempre angolanos. Olha para a maneira como as pessoas nos tratam. Quantas vezes é que vocês já ouviram os zambianos dizer que somos nós, os angolanos, que acabamos com as sacas de milho deles?"
"Isso não é justo", disse Lindo. "Temos as mesmas facilidades dos zambianos na educação e na saúde. Pertencemos a este país, quer queiram, quer não. Os mais velhos não se riem de nós? Dizem que não falamos o português como deve ser. Dizem que preferimos comer com as mãos, como os zambianos, e não com colheres e garfos, como eles. Dizem que somos tão pouco civilizados como os zambianos. Dizem que os ingleses nunca deram cultura aos zambianos, que é por isso que eles bebem tanto, ao passo que os angolanos, são tão civilizados que não fazem muito caso do álcool. Que quando têm uma garrafa de vinho ao almoço, é só para ajudar a empurrar a comida." Até o Pinguim estava até muito sério."
Recessões criticas e comentários das obras nos seguintes links:
http://leitura.gulbenkian.pt/index.php?area=rol&task=view&id=645
http://www.geocities.com/ail_br/aliteraturapalopteoriaposcolonial.htm
http://www.uea-angola.org/destaque_entrevistas1.cfm?ID=784
http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/pdf/via03/via03_02.pdf
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